La Barraca foi uma experiência de teatro universitário ambulante que tinha como proposta colocar novamente o povo espanhol em contato com seu glorioso passado teatral.
Sem ser original, uma vez que o próprio Federico Garcia Lorca assistira em Barcelona companhia ambulante francesa, La Barraca foi um acontecimento destacado, de grande repercussão popular em seus quatro anos de existência.
Concebido pelos estudantes da Universidade de Madri, Lorca foi convidado a ser o diretor artístico da companhia, tendo a auxiliá-lo um jovem dramaturgo – Eduardo Ugarte. La Barraca deveria ter sido bem maior do que foi: além do teatro ambulante, previa um teatro fixo em Madri que estudantes e professores de Arquitetura chegaram a projetar – uma sala com quinhentos lugares e cinco palcos ao fundo.
Desde o início Federico batizara o projeto de La Barraca. É bem provável que o nome se referisse ao teatro fixo, na região espanhola da Andaluzia e em sua Granada. As barracas são construções de madeira, facilmente desmontáveis, onde se fazem espetáculos próprios de feiras, inclusive teatro de bonecos. Ao solicitar apoio do governo, Lorca incluiu também um guiñol para encenação de contos tradicionais e o desejo de divulgar a música popular espanhola.
A companhia viajava em caminhões
cedidos pelo Governo em que transportavam um palco de oito metros de boca, telões e cortinas pretas, pano de boca, figurinos, material de som e de luz, e barracas para o pessoal da companhia, que também viajava de ônibus ou de veículos oficiais, dependendo das disponibilidades.
De julho de 1932 a abril de 1936, quando a Guerra Civil os obrigou a encerrar suas atividades, La Barraca realizou 21 excursões, alcançando 75 cidades, com um repertório que incluía peças de Cervantes, Calderón de La Barca (A Vida é Sonho), Lope de Vega (especialmente Fuenteovejuna), Lope de Rueda, Tirso de Molina.
O grupo de La Barraca se constituía de umas trinta pessoas – sete eram mulheres; os atores vestiam macacões azuis, como operários, e as atrizes saia azul e blusa branca, todos com a marca criada por Benjamin Palencia: uma máscara negra cortada por um perfil branco no centro de uma roda de carroça.
Em 14 de abril de 1936, La Barraca fez sua última apresentação em Barcelona, com a presença de Lorca, às vésperas da Guerra Civil, quatro meses antes do assassinato do poeta.
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